Neste dia 8 de setembro, quando é celebrado o Dia Mundial da Alfabetização, o Piauí comemora apresentando resultados expressivos em alfabetização infantil. Segundo dados recentes, 59,82% das crianças piauienses estão alfabetizadas ao final do 2º ano do ensino fundamental, percentual superior à média nacional. O estado registra o terceiro maior crescimento nessa área no país, demonstrando avanços consistentes, embora os desafios estruturais ainda exijam atenção contínua ( IBGE, 2024 ).
Nesse contexto, a Universidade Estadual do Piauí (Uespi) destaca-se como agente transformador, atuando em diversas frentes para fortalecer a alfabetização e promover o desenvolvimento integral das crianças. Por meio do curso de Pedagogia, a instituição desenvolve projetos voltados à leitura e à escrita em municípios variados, em articulação com escolas públicas e comunidades locais, fortalecendo a integração entre formação acadêmica e intervenção social.
Entre as iniciativas, está o projeto realizado em Uruçuí, que emprega metodologias lúdicas — como jogos, brincadeiras e literatura infantil — para potencializar o processo de alfabetização e o reforço escolar. Em Oeiras, o projeto “Alfaletrar na Educação Infantil” promove reflexões e práticas pedagógicas alinhadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), enquanto o “Pedagogia em Foco: Práticas de Leitura e Escrita” atua na formação de professores, ampliando o impacto na qualidade educacional.
Além disso, a Uespi participa do Programa Parfor Equidade, com iniciativas voltadas à formação de professores para escolas indígenas, quilombolas, do campo, inclusivas e bilíngues, todas com forte componente de alfabetização contextualizada. Essas ações consolidam o compromisso da universidade com a efetivação do direito à alfabetização no Piauí, contribuindo para a diminuição das desigualdades educacionais.
Projeto “A Psicomotricidade e suas contribuições para a aprendizagem na Educação Infantil”
Um exemplo de destaque é o projeto “A Psicomotricidade e suas contribuições para a aprendizagem na Educação Infantil”, coordenado pela professora Mirian Folha, no campus de Corrente. A proposta busca fortalecer a aprendizagem de crianças de 4 e 5 anos, utilizando o movimento e atividades lúdicas como ferramentas de estímulo à leitura, escrita e cognição. Segundo Mirian Folha, o projeto visa ampliar as possibilidades de desenvolvimento infantil por meio de atividades que integram corpo e mente. “Os principais objetivos do projeto são: proporcionar às crianças atividades que estimulem o desenvolvimento motor, ajudá-las a explorar o ambiente à sua volta através das brincadeiras, manipular objetos para aprimorar a coordenação motora e auxiliar na cognição, além de estimular a interação com seus colegas”.
As ações são planejadas e executadas por 24 alunos do curso de Pedagogia, divididos em grupos que semanalmente conduzem as atividades. “Cada quinta-feira, um grupo se responsabiliza pelas propostas, que acontecem sempre das 16h30 às 17h. Esse planejamento permite que os estudantes articulem a teoria discutida em sala de aula com a prática, ao mesmo tempo em que contribuem para a formação das crianças”, destaca Mirian Folha.
Entre as práticas desenvolvidas, estão brincadeiras com bola, bambolê, dinâmicas rítmicas e exercícios de coordenação motora. Essas atividades, ao mesmo tempo em que despertam o interesse e a alegria das crianças, contribuem de maneira significativa para seu aprendizado. “Através das brincadeiras, sem que a criança perceba, o lúdico está contribuindo de forma significativa para o seu desenvolvimento físico, intelectual e emocional. O brincar é um caminho fundamental para aprender e se alfabetizar”, enfatiza a professora.
O projeto também promove integração entre a universidade, as escolas públicas e a comunidade, ampliando o impacto social da Uespi. “Quando a universidade se coloca dentro das escolas e da comunidade, cria-se um espaço de troca. Os alunos de Pedagogia aprendem ao mesmo tempo em que contribuem para a formação das crianças, e isso fortalece a educação de forma coletiva”, afirma a docente.
A experiência do projeto não tem transformado apenas a realidade das crianças, mas também a formação dos futuros pedagogos que participam diretamente das ações. A aluna Bia Macêdo, do curso de Pedagogia, destaca que a vivência tem sido um marco para sua formação. “Tem sido uma experiência muito enriquecedora, pois consigo compreender, na prática, a importância do movimento no desenvolvimento integral das crianças, além de aprender a lidar com diferentes situações do cotidiano escolar”, relata.
Segundo a estudante, a prática diária trouxe aprendizados fundamentais, como a capacidade de observar o ritmo e as necessidades individuais de cada criança e de criar estratégias que estimulem a coordenação motora e a socialização. “Percebi avanços significativos, como maior autonomia, melhora na socialização, mais confiança em suas habilidades e maior interesse em participar das propostas”, conta. Para ela, o maior incentivo está no impacto humano da ação: “O que mais me motiva é ver a alegria das crianças ao me encontrar e participar das atividades. É muito satisfatório perceber que elas se sentem felizes, acolhidas e entusiasmadas, ao mesmo tempo em que acompanho o progresso no desenvolvimento delas e fortaleço minha formação profissional”.
Essa percepção é compartilhada por outros participantes, como a estudante Héllen Tayane, também do curso de Pedagogia, que enxerga no projeto uma oportunidade única de aprendizado e troca. “Participar do projeto tem sido muito legal. Estar próximo das crianças, interagindo com elas por meio das atividades nos faz perceber, na prática, a importância da psicomotricidade para o desenvolvimento infantil. Além disso, o trabalho em grupo com os colegas tem sido muito divertido”, afirma.
Para a aluna, além da prática com as crianças, o projeto colabora diretamente na formação profissional, ajudando no planejamento de atividades e no desenvolvimento da segurança necessária para o futuro exercício da docência. “Esse projeto tem me trazido grandes aprendizados, como organizar atividades que estimulem a coordenação motora, a atenção e a criatividade, fora que tem me ajudado para que eu desenvolva mais segurança para lidar com as crianças e com situações do dia a dia escolar”, ressalta.
Mesmo no início da execução, ela já observa resultados concretos. “Estamos no início do projeto, mas já podemos perceber mudanças sim. Elas estão cada vez mais animadas, e demonstrando maior interesse pelas atividades. Isso mostra como a psicomotricidade impacta positivamente o desenvolvimento delas”, explica. O entusiasmo das crianças é, para a estudante, o principal combustível da participação. “É perceber justamente essas mudanças. A animação das crianças ao nos receberem, os sorrisos e o carinho delas com a gente, isso nos mostra que o projeto realmente está fazendo diferença na vida delas, além da experiência que será essencial ao decorrer do curso”, conclui.