Sob o colorido das bandeirolas e em meio a milhares de forrozeiros, a jovem Evellin Almeida, 20 anos, cata latinhas, enquanto Ana Cleide, 37, comercializa bebidas. Elas são mãe e avó de Safira, um bebê de um mês de vida, e Ana Cristine, de 2 anos, e conhecem como poucos a importância da atividade econômica informal para o sustento da família. Por isso, saem da Fazenda Olhos D’água, zona rural de Alagoinhas, para transformar latas em alimento.
Este ano, no São João da cidade, Evellin e Ana Cleide contaram com um apoio fundamental para que pudessem trabalhar com tranquilidade: a Vila do Aconchego, espaço promovido pela Prefeitura Municipal para acolher filhos de ambulantes. “Amei o serviço, e o melhor foi a atenção e o cuidado de todos. A equipe forneceu alimento para as minhas filhas, e eu fiquei ainda mais grata pela preocupação que os profissionais tiveram, principalmente, com a minha bebê, que tem problema de refluxo. Amei tudo!”, avalia Evellin.
Montada no Colégio Municipal de Alagoinhas, dentro da Vila de Santo Antônio e ao lado do estádio Antônio Carneiro, que entre os dias 21 e 23 funcionou como Arena Zé Ribeiro, a Vila do Aconchego foi especialmente pensada para garantir um ambiente seguro, confortável e acolhedor. A estrutura ofereceu dormitórios masculino e feminino, espaço lúdico com TV, jogos, livros e brinquedos como pula-pula e piscina de bolinhas, além de refeitório. Durante os três dias dos grandes shows, o espaço abrigou 21 crianças, com idade entre um mês e 12 anos. Das 16h às 7h do dia seguinte, elas receberam quatro refeições e o afeto e cuidado de 76 profissionais, entre cuidadores e servidores das secretarias de Desenvolvimento Social, Educação e Saúde.
“A Vila do Aconchego surgiu da necessidade de acolher as crianças em um ambiente seguro, pois muitos pais ambulantes não têm condição de deixar os filhos sob os cuidados de outras pessoas. Por isso, decidimos afastar esses pequenos dos riscos das ruas, do trabalho infantil, e trazer para um espaço que permitisse que eles participassem do São João de forma mais cuidadosa. Às 7 horas, antes de voltar para o colo dos pais, todos já tomavam o café da manhã. Isso é muito gratificante, um projeto lindo, e eu tenho certeza de que vamos expandir para outras festividades do município”, comenta Lianne Carmo, secretária de Planejamento e Captação de Recursos, primeira-dama do município e idealizadora do projeto.
Moradoras do Jardim Petrolar, Cleidiane Lima Rodrigues Santos, 35 anos, e a filha Deise, de 19, aproveitaram a oportunidade e deixaram quatro crianças sob os cuidados das equipes da Prefeitura, enquanto comercializavam bebidas. “Levamos meu neto, Jadson, de 4 anos, e mais três sobrinhos. Foi uma ajuda boa, porque a gente não tinha com quem deixar eles. A ideia foi ótima, meu neto sempre voltava para casa comentando sobre o que tinha comido no café da manhã, e os sobrinhos falaram muito sobre as brincadeiras. Se não fosse a Vila do Aconchego, uma das duas, eu ou minha filha, teria que ficar em casa, e isso diminuiria as vendas que ajudam a gente a comprar o alimento do dia a dia, pagar as dívidas, ajuda em tudo”, comenta Cleidiane.
O prefeito Gustavo Carmo comemora o resultado da ação. “A Vila do Aconchego foi pensada com muito carinho para acolher as crianças dos nossos ambulantes e trabalhadores informais. Sabemos que a atividade econômica é fundamental para o sustento das famílias, e por isso, buscamos oferecer um ambiente seguro e confortável para que os pais pudessem trabalhar tranquilos, sabendo que seus filhos estariam bem cuidados. Parabenizo a todos os profissionais que participaram desta iniciativa que nasceu da nossa preocupação em promover inclusão social, segurança e bem-estar para todos. Nosso compromisso é expandir esse projeto para outras festividades e eventos, sempre pensando no melhor para o povo de Alagoinhas”, afirma o gestor.