Terça, 09 de Setembro de 2025
18°C 38°C
Barreiras, BA
Publicidade

“Pedi água e me deram com creolina”, conta gari em comissão geral na Câmara Legislativa

Jornadas longas e exaustivas; sob o sol ou sob a chuva; sem banheiro e sem água, e sem valorização financeira ou social. Essa é a realidade vivida ...

Redação
Por: Redação Fonte: Agência CLDF
26/06/2025 às 20h46
“Pedi água e me deram com creolina”, conta gari em comissão geral na Câmara Legislativa
Foto: Carolina Curi/ Agência CLDF

Jornadas longas e exaustivas; sob o sol ou sob a chuva; sem banheiro e sem água, e sem valorização financeira ou social. Essa é a realidade vivida pelos trabalhadores da limpeza urbana no Distrito Federal. O assunto foi tema de comissão geral, no plenário da Câmara Legislativa, nesta quinta-feira (26/6).  

Conduzido pelo deputado Chico Vigilante (PT), o debate reforçou a importância da aprovação do projeto de lei federal nº 4.146/2020, que “regulamenta a profissão de trabalhador essencial de limpeza urbana”.  

O parlamentar destacou que a proposta estabelece um piso nacional para os garis no valor de dois salários mínimos mensais e avaliou: “É pouco, mas hoje um gari ganha R$ 1.675, então vai ajudar bastante”. Dirigindo-se aos trabalhadores presentes no plenário da Casa, disse: “Sem vocês, a cidade estaria muito mais feia e doente”.

Foto: Reprodução/Agência CLDF
Foto: Reprodução/Agência CLDF


O trabalho desempenhado pelos garis para a limpeza urbana e, também, para a saúde pública foi enaltecido em vários discursos. “A origem dessa profissão foi, exatamente, para combater doenças. Eles trabalham todos os dias em prol da saúde dos outros e correndo risco”, apontou Luiz Saraiva, da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT (Contracs). “Esses trabalhadores merecem respeito não só em discursos, mas nos seus direitos”, cobrou.

“O ambiente de vocês é a rua, é insalubre; estão expostos a riscos biológicos, físicos e químicos, falta banheiro e há preconceito”, relatou a pesquisadora da Fiocruz Cláudia Jannotti, após reforçar a importância da limpeza urbana para o meio ambiente a saúde.  

Por sua vez, Rodrigo Rodrigues, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), pregou valorização financeira e social para a categoria. “Só é lembrada quando começa a acumular lixo”, criticou. Ele defendeu equipamentos de proteção individual (como luvas, sapatos etc.) adequados e “dinheiro no bolso”. 

Representando o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Mariel Angeli Lopes disse que a maior parte dos trabalhadores da limpeza urbana no Brasil são mulheres. No DF, são mais de 7 mil mulheres e 4,5 mil homens.  

Com relação aos problemas de saúde vivenciados, a estudiosa abordou a grande incidência de casos de infecção urinária, de dores nas costas e problemas de coluna. “Recolhem diversos tipos de resíduos que trazem riscos à saúde”, acrescentou.

Mariel Lopes destacou, também, que as jornadas de trabalho são “longas e exaustivas” e que faltam espaços de descanso.

Foto: Reprodução/Agência CLDF
Foto: Reprodução/Agência CLDF


Preconceito e violências 

O diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Limpeza Urbana do Distrito Federal (Sindlurb-DF), José Cláudio de Oliveira, elencou uma série de casos de discriminação vividos pelos garis: água de mangueira para matar a sede; cuspe em água servida no copo; impedimento de uso de banheiro ou de consumo de comida em restaurante com outros clientes, além de episódios de agressões físicas.

“Esses trabalhadores merecem mais do que respeito, merecem salário digno, insalubridade, aposentadoria especial e jornada de 36 horas”, defendeu o sindicalista. Ele ainda arrematou: “Este nosso serviço de limpeza urbana adoece o trabalhador: com dez anos de trabalho, está praticamente inválido”.

A varredora Antonia Balbina da Silva reforçou a fala do representante do Sindlurb-DF: “Os garis estão doentes, estressados; trabalham com medo e fatigados”. 

A trabalhadora Maria Ester da Silva dos Santos relatou situações vividas pessoalmente: “Pedi água na casa de uma senhora, e ela colocou creolina na minha água; uma outra vez, numa distribuidora, disseram só ter água do banheiro”. Ela finalizou dizendo: “Tenho até medo de pedir água”.

Foto: Reprodução/Agência CLDF
Foto: Reprodução/Agência CLDF


Regulamentação da profissão

Os garis apostam na aprovação do PL nº 4.146/2020 em busca de valorização e dignidade. Além de estabelecer um piso salarial, o texto prevê pagamento por insalubridade, jornada de 40h e aposentadoria especial.

O diretor-adjunto do SLU, Cleilson Gadelha Queiroz, lamentou que o projeto esteja há tanto tempo em tramitação; e o representante do Sindicato de Limpeza Urbana do DF, Raimundo Nonato, reclamou que a proposta “não tem fonte de custeio”.

A expectativa da deputada federal Erika Kokay (PT/DF) é que a matéria passe pela Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados na próxima semana. “Esperamos aprovar ainda este ano”, disse. “É preciso dar dignidade a quem dá dignidade à cidade”, concluiu.

Denise Caputo - Agência CLDF

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
Barreiras, BA
37°
Tempo limpo
Mín. 18° Máx. 38°
35° Sensação
1.18 km/h Vento
15% Umidade
0% (0mm) Chance chuva
05h58 Nascer do sol
17h56 Pôr do sol
Quarta
38° 20°
Quinta
39° 20°
Sexta
41° 21°
Sábado
39° 21°
Domingo
38° 21°
Publicidade
Publicidade
Anúncio
Publicidade
Anúncio
Economia
Dólar
R$ 5,43 +0,22%
Euro
R$ 6,36 -0,28%
Peso Argentino
R$ 0,00 +0,00%
Bitcoin
R$ 640,768,90 -0,75%
Ibovespa
141,871,06 pts 0.06%
Publicidade
Anúncio
Publicidade
Anúncio
Enquete
Nenhuma enquete cadastrada
Publicidade
Anúncio
Lenium - Criar site de notícias