“Uma das melhores coisas é você trabalhar com o que gosta. Eu vivo na roça porque, além de ser a única coisa que eu sei fazer, eu tenho o prazer de trabalhar com isso”. É o que o agricultor familiar Francisco Ferreira relata sobre o seu trabalho na criação de peixes na comunidade Carnaubal, no município de Oeiras. Com apoio da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF), que disponibilizou alevinos a Francisco, ele conseguiu aumentar suas vendas, fidelizar sua clientela e garantir uma renda maior.
“Agora tenho três tanques. Fiz uma reforma em um dos tanques no ano passado, mas, como eram só dois, tínhamos dificuldade de manter os clientes. Ultimamente melhorou, porque consigo manter uma clientela. Mensalmente, pegam de 80 a 100 kg, e isso vai nos mantendo. Uma hora também vendemos macaxeira, ovo, peixe, carneiro, porque a gente não sabe fazer outra coisa na vida”, disse o agricultor.
Francisco trabalha juntamente com o filho e o pai na criação de peixes e também no cultivo de outros produtos da agricultura familiar. Ele também destaca que vende os peixes para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), executado pela SAF em parceria com o Governo Federal, que direciona os alimentos para entidades que atuam com famílias em situação de vulnerabilidade socioassistencial. Ele cita os benefícios e conquistas que conseguiu realizar por meio da renda proporcionada pelo programa.
“Se eu tivesse o PAA na minha vida há cinco anos, eu estaria bem melhor. De um ano para cá, melhorou muito, consegui fazer reformas na minha propriedade, instalei um kit solar, tudo por meio das minhas vendas ao PAA. Havia anos que eu lutava para conseguir um kit solar, para não ter despesas com energia, porque o custo no uso das produções era alto, e hoje com a energia solar facilitou muito”, explicou.
Com o incentivo da SAF, o piscicultor afirma que diminuiu os gastos na compra dos alevinos e aumentou seu número de vendas, garantindo uma renda melhor. Além disso, ele também destaca as ações de assistências na capacitação para manejo de outros tipos de cultura e orientações com agentes técnicos na cidade.
“Antes a gente vendia para os mercados, mas não compensava nem a viagem do carro. Hoje a gente faz entrega ao PAA e leva mais de 100 kg de cada produto para vender. Com a SAF, eu recebi mil alevinos no final de janeiro, mas antes, tudo que eu fazia era com meu dinheiro. Uma carrada de alevinos custa R$ 250, mas se você recebe doado, já é um incentivo. Ao invés de comprar os filhotes, eu já compro a ração, e além disso, temos outros tipos de incentivo, com a visita frequente de técnicos, que nos orientam e oferecem cursos. Quando eu comecei, não havia ajuda de órgão nenhum, era tudo por conta própria, errávamos, e hoje nós temos essa assistência da secretaria”, afirmou.
De acordo com o superintendente de Ações de Apoio à Agricultura Familiar da SAF, Clébio Coutinho, a secretaria trabalha com a criação e distribuição de peixes da espécie tambaqui, a mais cultivada pelos agricultores familiares, através de parcerias com prefeituras municipais, associações e cooperativas.
“A SAF mantém, no município de Nazária, uma estação de piscicultura, onde há um laboratório de produção de alevino e, desde 2023, investimos para melhorar a infraestrutura da estação e produzir alevinos de qualidade para distribuirmos à agricultura familiar. Produzimos apenas a espécie tambaqui, que é a mais cultivada pela agricultura, mas há um estudo para que possa, através dos investimentos, produzir outras espécies”, disse.
Anualmente, considerando o ano agrícola, que inicia em julho de um ano e se encerra em junho do ano seguinte, a SAF realizou a entrega de 1.500.000 alevinos, ação importante para o desenvolvimento de tanques escavados e povoamento de barreiros públicos. De acordo com Clébio, a ação demonstra uma grande efetividade para o incremento na renda e destaca o potencial de produção no estado.
“O estado tem vocação forte para a atividade e, anualmente, estamos trabalhando a atividade em outros municípios. Durante o ano agrícola, a SAF já entregou 1.500.000 alevinos para a agricultura familiar. Estamos agora sob efetivo cadastramento de piscicultores do Piauí para entender o perfil de cada um, além de traçar algumas estruturas beneficentes”, disse.
Unidades de Beneficiamento de Pescado
Além disso, o superintendente afirma que, até o final deste ano, será entregue uma unidade de beneficiamento do pescado no município de Demerval Lobão, voltado aos agricultores para complementar a renda.
“No final deste ano, faremos a entrega de uma unidade de beneficiamento de pescado em Demerval Lobão. A parte estrutural está concluída e o processo de equipamentos para a unidade está em vias de licitação. Esperamos inaugurar uma cooperativa no território Entre Rios, que é um dos territórios com maior potencial na atividade para que possa, no mínimo, beneficiar com um valor agregado, tendo em vista que o peixe não será vendido direto do tanque, passará por uma evisceração e filetagem”, concluiu.