Foto: Divulgação - Arquivo pessoal
Apaixonado pelo rádio desde que, ainda menino, ouviu o programa Atrações Jota Magno na extinta Rádio Cultura de Feira, ele milita no segmento das comunicações há quase meio século — exatos 48 anos. Já trabalhou na Rádio Vox de Muritiba e na Sociedade de Feira, comanda a Rádio Central, no Centro de Abastecimento, e a Rádio Local, no Feiraguai. Educado, querido por todos, mas com uma curiosidade peculiar: “Sou zero, zero, zero à esquerda em futebol, não sei nem o que é”, garante Pedro Nunes.
Atrações Jota Magno, programa apresentado na Rádio Cultura de Feira, era, sem dúvida, o líder absoluto de audiência na região. O volume de cartas e as visitas aos estúdios da emissora, na Rua Professor Geminiano Costa, eram suficientes para comprovar esse sucesso. Em 1975, aos 15 anos, o garoto alto e magro, de cabelo preto e meio arrepiado, vindo do vizinho município de Coração de Maria com os pais Bispo Ferreira de Almeida e dona Maria Ferreira, tinha um destino diferente dos demais meninos da sua idade. Enquanto eles corriam atrás da bola nos muitos campos existentes na cidade, ele tinha outro endereço: Rádio Cultura.
Assim, aos 15 anos, levado pela admiração que tinha pelo rádio OM (Onda Média), hoje AM (Amplitude Modulada), Pedro Nunes de Almeida tornou-se frequentador da Cultura de Feira. Era só ter uma oportunidade que ele não perdia tempo. Na emissora, conheceu Joel Magno, Lucílio Bastos e outros artistas do rádio, o que contribuiu diretamente para fortalecer ainda mais sua paixão pela comunicação. Nas idas e vindas, teve a tão esperada oportunidade em 1978, quando conheceu o comunicador e cantor Antônio Sotero, que o convidou para uma espécie de estágio na Antônio Sotero Publicidade, serviço de alto-falantes que funcionava no bairro Jardim Cruzeiro.
Começou como operador de som, mas o importante é que já estava no mundo dos seus sonhos. Recebeu algumas chances no microfone, das quais jamais se esquece. “Devo muito a ele, agradeço de coração a Antônio Sotero”, diz, emocionado. Seis meses depois de começar no Cruzeiro, investiu e inaugurou a PN Publicidade no bairro Tomba. Firmou-se na locução e, convidado pelo radialista e amigo Irã Lima, um ano depois (1979) estreava na Rádio Vox, de Muritiba, com o programa Panorama de Sucesso, aos sábados, das 16h às 18h.
Continuava com a PN Publicidade, que prestava relevantes serviços ao bairro Tomba, quando conheceu o então jovem político José Ronaldo de Carvalho. “Ele era bem jovem e ia concorrer à Câmara Municipal. Foi muito atencioso, conversamos e fizemos uma amizade que, graças a Deus, perdura até hoje. Considero o prefeito José Ronaldo um grande amigo”, garante.
Em 1982, Pedro Nunes teve uma breve passagem pela Rádio Sociedade de Feira, integrando a equipe de radiojornalismo na cobertura das eleições municipais que consagraram José Falcão da Silva como prefeito (1983–1988).
“Meu trabalho consistia em ir aos locais de votação e relatar os números, coisa simples”, diz. Mas seu desempenho agradou tanto que, em 1986, quando o saudoso Erivaldo Cerqueira deixou a Rádio Sociedade, Pedro passou a apresentar diariamente o programa Alvorada Sertaneja, das 4h30 às 5h30.
Em 1997, incentivado pelo comunicador Lourival Bandão — outro que, saudosa e infelizmente, já não está entre nós — Pedro Nunes instalou a Rádio Central no Centro de Abastecimento de Feira (CAF), que funciona regularmente como uma emissora de rádio, das 7h às 12h e das 13h às 16h, com uma programação atualizada e completa prestação de serviços, através de uma rede de 100 potentes caixas de som.
Em 2012, ampliou seu raio de atuação no segmento da comunicação com a instalação da Rádio Local no Feiraguai, com atuação semelhante à da Rádio Central, funcionando das 8h30 às 12h e das 13h às 17h, com 55 caixas sonoras.
Além desse trabalho permanente, nos meses de junho e dezembro — períodos de São João e Natal — Pedro Nunes propicia ampla cobertura no centro da cidade (zona comercial), instalando 40 caixas de som em locais estrategicamente definidos, mediante estudo técnico. Um detalhe importante é o rigoroso controle em relação ao volume das caixas, que não ultrapassa os decibéis permitidos, não causando qualquer incômodo auditivo ao ouvinte.
Casado, pai de dois filhos adultos com nível superior — um advogado e uma enfermeira —, ambos distantes da sua profissão, Pedro Nunes é um homem feliz porque faz o que gosta e pretende assim continuar. Vida organizada, com muito trabalho — traço comum aos que começaram cedo. Pedro, em certo ponto, parece um estranho num país apaixonado por futebol. Nunca jogou bola e não é torcedor. Se alguém falar em futebol, educadamente, ele diz: “Desculpe-me, mas não sei do que se trata”.
Por Zadir Marques Porto