A música tem o poder de transformar, conectar e revelar talentos. E, dentro desse contexto, a Oficina de Música “Som que Abraça” surge como uma iniciativa de musicalização inclusiva, reunindo crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista (TEA), outras neurodivergências e jovens neurotípicos em Camaçari. O projeto visa promover o aprendizado musical e a convivência através de instrumentos como violão e teclado.
A iniciativa, que recebe apoio financeiro da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), viabilizado no município por meio da Secretaria da Cultura (Secult), foi pensado para ocorrer no contraturno escolar, e conta com um total de 60 alunos com idades entre 10 e 17 anos. As aulas acontecem em duas unidades: 30 alunos no Centro de Educação Paulo Freire, no bairro Nova Vitória, às quartas-feiras, das 13h às 15h, e 30 alunos na Escola Municipal Padre Paulo Maria Tonucci, no bairro Novo Horizonte, às quintas-feiras, das 9h às 11h.
Esta semana, a secretária da Cultura, Elci Freitas, acompanhou a segunda aula no Centro de Educação Paulo Freire. “Fico muito feliz em ver tantas crianças participando dessa iniciativa maravilhosa. Temos mais de 100 projetos contemplados pelos recursos da PNAB, promovendo a ampliação do acesso à cultura, um dos direitos assegurados pela Constituição Federal”, enfatizou.
O projeto tem como proponente Igor Honorato, multi-instrumentista com TEA. Para ele, a oficina vai além do ensino musical, sendo uma ferramenta de inclusão e valorização da diversidade. “O objetivo principal é despertar a musicalidade desses jovens e proporcionar um espaço de aprendizado. O andamento do projeto tem sido muito positivo”, afirmou o idealizador.
Durante as aulas, os alunos têm a oportunidade de mergulhar no universo musical. Entre eles está Ângelo Deivisson dos Santos, de 12 anos, que viu no projeto a possibilidade de ter o primeiro contato artístico. “Sempre gostei de música, mas não sabia nada. Agora, aqui, estou aprendendo e quero me desenvolver para, no futuro, tocar violão ou guitarra em uma banda”, contou o jovem.
Já Ana Clara Santana, de 13 anos, havia feito aulas de violão na igreja em que frequenta, há cerca de cinco anos, mas desistiu após três meses. “Achei muito difícil. Via as pessoas tocando e para mim, aquilo era impossível de aprender. Com o projeto, revolvi voltar a tentar aprender e poder realizar meu sonho. Aqui já aprendi o nome das notas musicais e toquei meu primeiro acorde”, revelou, bastante entusiasmada.
A gestora do Centro de Educação Paulo Freire, Cristiane Bonfim, destacou a importância da iniciativa. “É uma possibilidade de abertura de horizontes, potencializando novas descobertas de mundo, estimulando a musicalidades e de outras possibilidades sonoras, além de despertar a sensibilidade para a vida, que é o que a música traz. A música tem esse poder incrível de nos transportar para outros universos. Tenho certeza que este projeto trará bons resultados”, disse.
As aulas do projeto tiveram início no dia 10 de setembro e seguem até 21 de novembro. Como resultado desse processo de aprendizado, serão realizadas apresentações voltadas para as comunidades escolar, seguida de uma apresentação aberta ao público geral, no Teatro Alberto Martins (TAM), prevista para acontecer no mês de dezembro.
A equipe envolvida no projeto é composta também por um professor de música, um coordenador, uma psicóloga e uma pedagoga, que garantem o acompanhamento contínuo do desenvolvimento dos alunos e a valorização da diversidade em todas as suas formas.