O trabalhador informal Kaique Bruno, 33 anos, ex-morador de rua, voltou a sonhar com o futuro ao retomar os estudos interrompidos na infância. Morador do bairro da Liberdade, em Salvador, ele participa da Jornada de Alfabetização de Jovens, Adultos e Idosos nas Periferias Urbanas – Mãos Solidárias Bahia, projeto que devolve dignidade e oportunidades a quem carrega histórias de luta. “Hoje me sinto como aquele menino que quer redescobrir o mundo pela educação”, resume Kaique, entre as quatro mil pessoas atendidas pela iniciativa em todo o estado.
Em Salvador, Feira de Santana e Vitória da Conquista, a Jornada soma 175 turmas com o objetivo de alfabetizar quatro mil jovens, adultos e idosos até dezembro. Na capital, são 85 turmas distribuídas em 38 bairros, das quais 43 funcionam em unidades da rede estadual. Na noite desta quarta-feira, a secretária da Educação, Rowenna Brito, visitou a Escola Estadual Pierre Verger e o Colégio Estadual Duque de Caxias, na Liberdade, onde as aulas acontecem, reafirmando o compromisso da Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC) com o direito à alfabetização e à inclusão social. “A educação transforma realidades e devolve esperança. Cada sala de aula aberta é um passo a mais para garantir dignidade e oportunidades para quem mais precisa”, destacou Rowenna.
O coordenador estadual do Mãos Solidárias, Leandro Santos, ressalta que o apoio da SEC é decisivo para o sucesso do projeto, ao garantir estrutura física, mobiliário e equipamentos para o funcionamento das turmas. “Essa parceria potente assegura que as aulas aconteçam nos próprios bairros dos educandos, facilitando o acesso e fortalecendo o vínculo comunitário”, afirma.
O projeto, que também ocorre em outros estados do Nordeste, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, é baseado no método cubano Sim, Eu Posso, reconhecido internacionalmente pela eficácia no combate ao analfabetismo.
Educação e cidadania
A professora Rosimeire da Silva, que leciona para uma turma no Colégio Estadual Duque de Caxias, encontrou no Mãos Solidárias um propósito de vida. Formada em Letras e estudante de Pedagogia, ela acolhe seus 11 alunos com música e mensagens de motivação, transformando a sala de aula em um espaço de esperança. “Sinto que levo dignidade a essas pessoas”, relata. No local, uma das turmas é composta por alunos em situação de rua, muitos dos quais voltaram a ter o prazer de sentar-se à mesa com um prato e um copo de vidro, símbolos de respeito e pertencimento.
Uma jornada de muitas mãos
A Jornada de Alfabetização é fruto da articulação entre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Ministério da Educação (MEC) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com o apoio do Governo da Bahia. O projeto começou em agosto deste ano e reúne cerca de 250 educadores comprometidos em transformar a realidade das periferias urbanas. Em cada palavra aprendida, renasce o desejo de seguir aprendendo e de construir um futuro com mais igualdade, marcando o papel da Educação como ponte para a cidadania e a dignidade humana.
Fonte: Ascom/SEC